domingo, 16 de fevereiro de 2014

Feministas, "feminazis", machistas e "mascus"

Meses atrás, quando eu ainda era um neófito no mundo do Twitter, tive a oportunidade de ter contato com um Blog de uma feminista. Trata-se do Blog "Escreva Lola Escreva" da professora e feminista Lola Aronovich. Li alguns textos do Blog e até fiz alguns comentários nele. Depois disso, passei a ser seguidor de Lola no Twitter, a fim de não perder a indicação de suas postagens.
Um belo dia porém, ousei discordar de algo que Lola escreveu no Blog (sinceramente, nem lembro qual era a discordância). Ela, além de me taxar de "mascu", me bloqueou no Twitter.
 Apesar de tudo,  esse acontecimento me trouxe alguns ensinamentos. Aprendi o significado dos termos "mascu" e feminazi" e aprendi que até uma professora universitária (de quem se esperam certas qualidades como, por exemplo, aceitar que há pessoas que pensem de maneira diferente de você) pode ser intransigente.
Acerca da palavra "mascu" esta é, nada mais nada menos, que um termo para dar um significado ainda mais pejorativo para a palavra machista. O termo "mascu" é portanto, um "plus". Isso no mundo feminista, é claro.
Os machistas, por sua vez, cunharam um termo interessante para contra atacar as feministas: "feminazi". A alusão ao termo nazista não é por acaso.
Mas, quem são os "mascus" e quem são as "feminazis"?
"Mascus" são aqueles indivíduos que além de lutarem para que a situação das mulheres no mundo atual continue do jeito que está, pretendem anular as conquistas históricas delas. Para os "mascus" inclusive, o feminismo é uma bobagem. "Mascus", no entanto, gostam de mulheres (à sua maneira, é claro) mas, são anti feministas.
As "feminazis" são feministas radicais. Elas lutam pelos direitos das mulheres de maneira ferrenha, mesmo contra a vontade daquelas. Elas não buscam a igualdade. Pregam que a mulher tem que estar em um patamar superior aos homens. Elas são a versão feminina dos "mascus". Ademais, tais radicais enxergam o mundo de uma forma diferente. É como se elas usassem uma lente feminista e enxergassem o mundo através dela. Por conta disto, nada passa pelo crivo delas sem ser criticado ou taxado de machista. Um filme, uma propaganda, uma campanha governamental, a moda, etc Tudo passa a ser visto sob a ótica do feminismo e, criticado quando não está de acordo com tais princípios.
Considerando o fato de Lola ter me taxado de "mascu", não tenho nenhum pudor em taxá-la de "feminazi".
O fato porém, de Lola ser uma "feminazi" não me traz qualquer preocupação. Na história da humanidade a conquista de direitos das minorias, dos mais fracos ou dos mais pobres sempre foi obtida através de um processo dialético. Então, as "feminazis" estão certas, quando tentam desequilibrar o tabuleiro das relações homem x mulher para o lado que as interessa. Assim, talvez seja possível construir um mundo menos machista.
O que me preocupa em Lola (e na maior parte das feministas, diga-se de passagem), é o fato dela ser uma feminista essencialmente "teórica". Lola milita o seu feminismo nas suas aulas da faculdade, em palestras e em seu Blog. Ela não faz nada além disso. Lola não visita instituições que abrigam vítimas da violência, não vai a delegacias da mulher, não sai às ruas protestar, não vai ao congresso lutar pelos direitos das mulheres. A luta de Lola é eminentemente "teórica". O grupo "Femen", daquelas feministas que saem à ruas mostrando os seios, faz mais pelo feminismo do que "1.000 Lolas". As mulheres do Femen ganham as ruas para lutar pelos direitos das mulheres, são presas e processadas, o que faz com que sua luta seja discutida do ponto de vista jurídico. Desta forma, jurisprudências e até modificações na legislação podem ser criadas. Ademais, as imagens dessa luta "ganham o mundo" e influenciam pessoas.
E a luta de Lola, serve para alguma coisa? Bem, mostrem-me uma conquista de uma "feminista teórica" que eu mudo de ideia quanto ao papel de tais feministas em nossa sociedade.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Violência no futebol 2: As torcidas organizadas.

Não se pode falar em violência no futebol sem falar das torcidas organizadas. Elas são responsáveis pela maior parte das brigas, quebra-quebras e mortes no futebol. São elas também que depredam bens públicos e privados, invadem e quebram sedes de clubes e que agridem jogadores que, segundo seu próprio juízo, não amam o seu clube como deveriam.
Especialistas (sempre eles) mencionam a "promiscuidade" existente entre os clubes e as organizadas. Clubes  custeiam ingressos, ônibus, dentre outras coisas, para as organizadas. As organizadas, por sua vez, justificam sua importância para o clube na medida em que seus integrantes entoam os cantos de apoio durante o jogo todo e não somente de vez em quando como fazem os torcedores convencionais.
Especialistas asseveram ainda, que temos que eliminar as torcidas organizadas para assim, acabar com a violência no futebol. Tenho que discordar desse posicionamento.
Se acabarmos com as torcidas organizadas, além de deixarmos o futebol "mais triste", não alcançaremos o objetivo almejado: a diminuição da violência. Uma rápida observada na história nos demonstra que os movimentos, partidos ou organizações, ficaram mais fortes depois de terem sido condenados à clandestinidade. E não tenho dúvidas de que isso aconteceria com as organizadas. Ademais, hoje em dia podemos facilmente, pelo seus uniformes diferenciados, identificar os integrantes das organizadas e separá-los dos torcedores convencionais quando se envolvem em alguma situação. Se acabarmos com as organizadas, perderemos esse elemento identificador.
Sou, por conta disso, partidário da manutenção das organizadas. E mais, acredito que elas devem ser "regulamentadas". E o que isso significa? Significa que elas devem ter mais elementos que possibilitem sua responsabilização pelas condutas de seus membros. Ao se identificar que um grupo que depredou um bem público faz parte de uma organizada, esta poderia ser responsabilizada "civilmente" pelos danos. O que ocorre atualmente é que as torcidas organizadas possuem membros "registrados", simpatizantes e pessoas que compram seus uniformes em lojas próprias sem fazer parte da torcida. Se alguém uniformizado com "as cores" da organizada joga uma pedra em um ônibus, quebrando assim seu vidro , não é possível cobrar a organizada pelo prejuízo pois ela poderá, com toda razão do mundo, dizer que nem todos que usam seu uniforme fazem parte de seus quadros. E qual a solução? Obrigar as torcidas organizadas a identificarem cadastrarem seu membros e promover o recolhimento de uniformes que tenham sido vendidos a não membros. E isso deveria ser tão levado à risca que se uma pessoa fosse flagrada com o uniforme da organizada sem pertencer a ela deveria ser processado por falsidade ideológica. Parece exagero? Mas, não é. 
Acredito piamente que, à partir do momento que seja possível identificar com certeza que uma briga, confusão ou depredação foi causada por um membro de uma organizada e a mesma possa ser punida por isso, haverá uma pressão interna para que seus membros evitem praticar tais condutas.
Mas, a violência no futebol não está exclusivamente ligada às torcidas organizadas. O futebol desperta paixões e há brigões que não estão necessariamente inseridos nas organizadas. Isso aumenta a necessidade de se identificar os integrantes de uma torcida organizada e "separá-los" dos torcedores comuns.
À partir do momento que seja plenamente possível identificar quem faz parte e quem não faz de uma torcida organizada, podem-se adotar medidas distintas para cada caso de violência praticado por causa do futebol. Inclusive, as respostas no plano do Direito, quer no campo Penal quanto no Civil, poderão ser dadas de acordo com essa diferenciação.
E ainda mais, as políticas de Segurança Pública, no que tange à violência advinda do futebol, poderão também ser pautadas de acordo com esse critério.
O que não podemos deixar acontecer é este cenário que temos hoje em que a violência ligada ao futebol é crescente e não possuímos mecanismos para sequer identificar suas causas ou causadores, quanto mais para controlá-la.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Brasil e Cuba, um passo na nova integração da América Latina.

O governo da ilha inaugura um porto e um terminal de containers financiados por Brasília, um dos projetos de cooperação Sul-Sul que estão começando a modificar as relações bilaterais na região.


Cuba inaugurou o porto de Mariel e o terminal de containers mais moderno da região. Aconteceu durante a visita da presidenta do Brasil Dilma Rousseff, pouco antes da Cúpula da Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (CELAC). Foram empresas brasileiras as que realizaram a obra de engenharia e Brasília também financiou os quase 1 bilhão de dólares que custou. Porém, Mariel é somente a ponta do iceberg das relações bilaterais que poderiam estar marcando o caminho da integração regional.

O porto tem capacidade para receber os navios super-post-panamá, de 200 mil toneladas. O terminal poderá mover quase um milhão de containers por ano e será administrado por uma empresa de Cingapura, líder no setor. O baixo calado da bahia de Havana obrigava Cuba a pagar dezenas de milhões de dólares para que outros portos recebessem seus containers e os armazenassem à espera de barcos cubanos que viessem recolhê-los. Hoje, não somente se eliminarão intermediários mas também se poderá vender esse mesmo serviço a outras ilhas do Caribe.

O Brasil não corre nenhum risco do não pagamento do crédito porque acaba de contratar os serviços de 11 mil médicos cubanos que trabalharão nas áreas mais pobres e afastadas do gigante sul americano. Se instalarão em cerca de 700 municípios que nunca tinham tido um clínico em toda a sua história e reforçarão outros lugares onde o número é insuficiente. Por esses serviços o Estado cubano receberá em torno de 500 milhões de dólares por ano. Se separarmos os 200 milhões dos salários dos médicos, em quatro anos Havana poderia pagar o crédito do porto de Mariel.

 Esse intercâmbio Sul-Sul permite ao Brasil aumentar o financiamento, a presidenta Dilma anunciou que havia aprovado outro crédito de 290 milhões para continuar os trabalhos da Zona Espacial de Desenvolvimento de Mariel. Já estão sendo construidas uma rodovia e uma via férrea para percorrer os 50 quilômetros que separam essa zona de Havana. Será uma espécie de Hong Kong tropical de 450 quilômetros quadrados que concentrará um importante números de empresas estrangeiras, muitas delas laboratórios brasileiros. De fato, nos primeiros dias de fevereiro se firmou um acordo bilateral para se iniciar a produção de medicamentos cubanos e genéricos destinados ao Brasil.

Agricultura cubana em ritmo de samba


Na agricultura, os especialistas brasileiros colaboram na criação de plantações de soja e outros grãos. Porém, o mais importante é que Cuba cedeu a uma empresa do Brasil, a Odebrecht, a administração de uma central açucareira. É a primeira vez, após as nacionalizações de 1960, que estrangeiros ficam responsáveis por uma fábrica de açúcar, ainda que a propriedade siga sendo completamente nacional. O subdiretor  cubano, Rico Ramirez, explicou à imprensa que "obteremos acesso à tecnologia mais avançada do mundo em matéria açucareira e dispomos já de um crédito de 120 milhões de dólares para os fortes investimentos que aqui vão ocorrer, outorgado pelo Banco de Desenvolvimento do Brasil".

Para evitar os obstáculos burocráticos que caracterizam a administração pública em Cuba, "existe uma cláusula no contrato que entrega aos estrangeiros autonomia de gestão e impede interferências na administração", explicou Rico. Outros dirigentes cubanos apostam que com essa combinação de recursos (tecnologia, conhecimento e autonomia) se pode triplicar a produção da Central 5 de Septiembre, localizada na província de Cienfuegos, elevando-a a 140 mil toneladas de açúcar.
Porém, nem tudo será açúcar, o subdiretor informou que "25 milhões de dólares do crédito serão destinados à transformação do modo em que se gerencia esta central e sua conexão ao sistema de energia elétrica nacional, ao qual chegaremos a enviar mais de 160 Megawatts ao dia, quase tanto quanto uma das plantas da termoelétrica de Cienfuegos".  Com esse sistema se reduzem substancialmente os custos e a usina açucareira se transforma de um alto consumidor a um produtor de energia.
Enquanto a CELAC ainda carece de mecanismos que a permitam projetar-se para além de uma intenção política, os países da região aceleram a integração e a cooperação.
Venezuela troca petróleo por alimentos e entrega combustível a crédito para as ilhas do Caribe, a Argentina direciona sua tecnologia para a produção agrícola, Uruguai oferece seu porto para a Bolívia e assessora o México em projetos para a educação primária. Com créditos para o desenvolvimento, as empresas brasileiras trabalham em quase todos os países da região, enquanto 25 mil médicos cubanos percorrem o continente levando cuidados de saúde a latino americanos que nunca a haviam tido. Pela primeira vez na América Latina, as soluções se adiantam à diplomacia.

Texto de Fernando Ravsberg no portal www.público.es  com "tradução livre" do autor do Blog.

Disponível em: http://www.publico.es/internacional/499754/brasil-y-cuba-un-paso-en-la-nueva-integracion-de-america-latina

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Violência no futebol

Dezembro de 2009: o jogo terminou empatado, o que selou o rebaixamento do Coritiba para a série B no ano seguinte. Torcedores promoveram um quebra-quebra nas dependências do estádio, invadiram o gramado e agrediram um policial militar que fazia a segurança do evento. As imagens da selvageria correram o Brasil e o mundo.

Fevereiro de 2013: durante a disputa de um jogo pela Copa Libertadores realizado na Bolívia, um foguete é lançado da torcida do Corinthians e mata um jovem da torcida adversária. O técnico do Corinthians lamentou a morte e disse que "trocaria o título mundial conquistado no ano anterior pela vida do menino".

Dezembro de 2013: Torcedores do Vasco e do Atlético se enfrentam nas arquibancadas de um estádio em Joinville - SC. As imagens correram o mundo de maneira mais intensa ainda do que as do jogo do Coritiba por conta da proximidade da realização da Copa do Mundo no Brasil. Um detalhe: o Atlético estava jogando nesse estádio por ter sido punido em outro caso semelhante.

Dias atuais: o Corinthians está "mal das pernas" na atual edição do campeonato paulista de futebol .Por conta disto, alguns de seus torcedores invadiram o centro de treinamento na semana passada e agrediram verbalmente (quase fisicamente) os jogadores que lá treinavam. Na sequência, durante um jogo, alguns torcedores que tentavam apoiar o time foram agredidos por integrantes de uma torcida organizada que queria "calá-los". No próximo jogo da equipe, ocorreram novos problemas com integrantes da torcida cantando músicas contendo ameaças a jogadores, comissão técnica e dirigentes.

Os episódios descritos acima mostram que nos dias de hoje vislumbramos um cenário de violência ligado ao futebol brasileiro. São brigas entre torcidas, depredações de estádios, quebra-quebra nas ruas e ameaças a jogadores. O que fazer com um cenário desses? O problema é complexo e, consequentemente, exige soluções igualmente complexas.

Não se pode afirmar que qualquer solução apresentada vai resolver o problema de forma definitiva, pois estamos tratando de eventos que reúnem pessoas, e estas tem como uma de suas características a imprevisibilidade. Mas, é possível apontar um caminho para melhorar a situação e tornar tais episódios mais raros e isolados.

Tais soluções, dada a complexidade do problema, serão apresentadas aqui no blog em "doses homeopáticas" nas próximas postagens.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Protestos contra a Copa

Há cerca de seis anos uma incursão da Polícia Militar do Paraná em uma favela da capital resultou na morte de um homem. A PM informou que se tratava de um suspeito de traficar drogas e que, em plena rua, reagiu contra a abordagem policial. Os moradores disseram que se tratava de um trabalhador que foi arrancado de seu "barraco" no meio da noite e executado pelos policiais. O desenrolar dos fatos não foi acompanhado pelo presente blogueiro e não interessam pelo menos para a presente postagem.
O fato que chamou atenção foi a reação dos moradores da favela. Eles decidiram protestar contra a atitude dos policiais. E como o fizeram? Bloqueando uma das principais vias de Curitiba em pleno horário de "rush". A referida via liga o centro da capital ao aeroporto internacional Afonso Pena. O congestionamento tomou conta da capital, tendo reflexos desde a rodoviária até as vias centrais. Tal congestionamento afetou a vida de milhares de pessoas. Pessoas estas que, perderam seus voos, perderam o horário de aula, chegaram atrasadas nos seu trabalhos e em suas casas, após um estressante dia de trabalho.
A pergunta que fica, acerca deste protesto é: foi um protesto inteligente? A resposta parece óbvia: Não, não foi um protesto inteligente. Aquele protesto não sensibilizou as pessoas aliás, teve efeito contrário. As pessoas que foram afetadas pelo mesmo, odiaram o ato. O protesto não teve outro efeito que não esse: angariar a antipatia da população. Por isso, tratou-se de um protesto "não inteligente".
Mas, o que isso tem a ver com a Copa do Mundo? O ponto que liga essas duas situações chama-se protesto. Atualmente o Brasil tem sido sacudido por protestos contra a realização da Copa do mundo de futebol. Os manifestantes, não raras vezes, empunham faixas com os dizeres: "não precisamos de estádios e sim de hospitais". Estaria tentado a engrossar esse coro, não fosse por um detalhe: tais protestos não são inteligentes. Oras, por qual motivo? Porque, a exemplo de algumas obras da Copa, estão "atrasados". Para serem protestos inteligentes, teriam que ter sido feitos antes do Brasil ter sido escolhido como sede do mundial. Se os manifestantes tivessem tomado as ruas um mês antes da Fifa escolher o país sede, não teríamos sido escolhidos. Agora moçada, não adianta mais.
Encontrar "inteligência" nos atuais protestos é ainda mais difícil se considerarmos a forma como eles têm sido feitos: por mascarados, com violência e com depredação do patrimônio público e privado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Era só o que me faltava.

Estava meio inquieto ultimamente. Minhas ideias não cabiam nos 140 caracteres do Twitter. Meus textos ficaram longos também para o Facebook. Precisava de espaço para discutir tudo o que se passava na minha cabeça, no meu dia a dia...na minha vida.
Daí para um Blog, foi um pulo. Um salto, devo dizer, pois demorei mais de dois meses para criar o meu.
Bem, aqui estou...